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...De Reflorestar Nossa História Ancestral


Para essa exposição trouxe 4 pinturas e um vídeo da série "Poéticas da re-existência", onde busquei entrelaçar minhas vivências no Território Indígena Potiguara com as memórias ancestrais ainda presentes na minha família, juntamente com as memórias do povo Tapuia Tarairiú da Lagoa do Tapará (RN), do qual somos descendentes. Fiz essas obras como um gesto de re-existência frente ao apagamento de identidades e pertencimentos originários em nossa história ancestral.

Como resultado desse processo, recriei um retrato da nossa ancestral indígena (da qual não tínhamos nenhum registro visual até então), através da pintura "Vó Maria Tarairiú", pintada com tinta feita a partir do barro, com adição de alguns elementos como os ramos e a roupa de tecido, que foi costurada sobre a pintura do seu tronco nu. O processo de criação desse retrato também pode ser visto no vídeo que está exposto na televisão ao lado. 

Na sequencia, a pintura "A Visita do Setestrelo" foi criada com base em um sonho que tive, no dia que estava prestes a ir embora da comunidade indígena da Lagoa do Tapará, depois de um período de trocas artísticas com a família de artesãos que cuida da Tapera Arte. A visão desse sonho, aí representada através dos grafismos que aprendi com Josué Campêlo (um dos indígenas artesãos da comunidade), é uma aparição da constelação do Setestrelo na casa onde eu habitava na comunidade. Essa constelação (também conhecida como plêiades), cumpre um papel fundamental na cosmovisão originária da nação Tapuia (tronco Jê), e hoje em dia é um dos principais símbolos da retomada Tarairiú.

Já a pintura "Casa Alugada", trago um retrato do meu não-lugar geográfico, aí representado pelo carangueijo ermitão, espécie nativa do litoral que tem como característica a troca constante de sua concha (que também podem ser pedaços de plástico ou qualquer outro recipiente que lhe caiba) de acordo com a sua necessidade de crescimento e espaço, fazendo alusão a um costume dos povos da nação Tapuia (que eram semi-nômades e mudavam sua localização geográfica a depender das condições climáticas, alimentares ou até mesmo por sobrevivência frente à colonização), que ainda é um costume presente (embora atualizado para a contemporaneidade) na minha família e nos Tarairiús da Lagoa do Tapará.

E por fim, na pintura "Banho de Rio", procurei retratar meu processo de entrega à retomada através do meu encontro com a espiritualidade na Jurema Sagrada, que floresceu em meio a toda essa pesquisa autobiogeográfica.

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